quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

CINZA

O cinza daquela tua única parede reflete em três paredes minhas. Minha percepção de amor é doentia. Minha paixão pela tristeza é doentia. Meu ódio pela humanidade é doentio. Minhas reações são doentias. Meu ciúme é doentio. Minhas madrugadas são doentias. Sou doente, sou a doença. Dilacerando tudo, destruindo tudo. Eu sou um câncer. Eu sou um demônio e se o inferno são os outros, eu sou o teu demônio particular. A rua só existe até onde a vista alcança. É preciso chegar no extremo da dor pra poder reagir. Primeiro destruir pra poder construir novamente. Por que diabos nunca chega no extremo? Já não vejo mais o que sobra de mim, mas sempre sobra alguma migalha. Me deixe destruir antes que mate. Preciso construir novamente. Preciso que a rua vá muito além de onde a minha vista míope alcança. Eu queria ser o maior dos homens, a mais bela das criaturas, mas eu virei destruição. Não cometo suicídio, me odeio tanto que acho que mereço algo pior que a morte, me condeno a viver, obrigada a viver longos dias até o fim da vida, longos dias de dor e sofrimento até o fim da vida, longos dias de autopiedade e autodestruição, isso é muito pior que a morte. Pra você eu só desejo a morte, afinal, a culpa é minha, eu fiz escolhas... erradas, devo pagar por isso. Eu sou um câncer, você foi só mais um ser arrasado pela minha doença.

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