terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Sobre o que eu não sei dizer

Ia escrever sobre você novamente, mas optei por não. Decidi, diante disso, abandonar a ideia de tentar te colocar em determinadas coisas, nas quais você não cabe. Por favor, não entenda isso errado, mas todo esse acervo sentimental se refere apenas ao triste, inconformado e excessivo sentimento de ausência, portanto, não quero você por aqui, não mais, não quero te transformar numa ausência como fiz com tudo nesses últimos 4 anos.
Aprendi a conviver com a sensação de impotência/incapacidade, por isso teimo em dizer que esse é meu estado natural e nada faz com que eu assuma uma postura mais segura e firme perante determinadas situações. E vou mentir, vou dizer o quanto estou confiante e o quanto me garanto naquilo que vou fazer, vou encher o peito com esse ar sujo e vomitar frases baratas que li em algum livro de autoajuda, isso fará com que minha família, amigos e, se arriscar, até você ache que eu não esteja implodindo. Mas você sabe que, mesmo quando eu teimo que esse é um estado natural, eu não sei exatamente do que estou falando. Meu embasamento teórico pobre, insuficiente, quase nulo, aliado a impossibilidade de comprovação empírica, faz com que eu não saiba se as pseudo-conclusões que tirei a respeito do meu esdrúxulo ser fazem algum sentido ou são, na verdade, nada. Mas isso vai me deixar com mais dúvidas, porque eu não sei definir o que é "nada", aí entra mais uma vez a fundamentação teórica deficiente. Não que isso faça eu me importar tanto, até dei ênfase demais nisso nas linhas acima, porque só é deficiente pelo fato de não haver interesse no saber partindo de dentro de mim, portanto, mudemos de assunto, voltemos aquilo que nem sei direito o que era.
(É fácil perceber que não gosto de usar parágrafos quando escrevo aqui, não quero me preocupar com isso.)
Lembro-me de ter estudado muito sobre Motivação no primeiro ano da faculdade, claro que sempre ao lado da Liderança, tema muito comentado nos sites, páginas e blogs sobre Administração. Confesso que tenho um grande apreço pelas teorias e teóricos da administração e que conversar sobre tudo que aconteceu ao longo desses anos no ambiente organizacional interno e externo, enfatizando traços ainda vistos nas organizações modernas, me agrada bastante. Nunca me esquecerei de estar nervosa antes do seminário mais esperado e difícil do ano, pois sempre fui aquele tipo de pessoa que lê sobre o assunto que vai dissertar verbalmente apenas alguns minutos antes da apresentação, mas nem precisava ficar nervosa, tinha total entendimento sobre aquilo. Nunca me esquecerei também que o professor da mesma matéria me perguntou, no meio da apresentação, o que eu faria da vida no futuro, não exatamente nessas palavras, e eu respondi fazendo graça "Eu vou ser professora... de Teoria.", ele que demonstrava sempre um grande carinho por mim, sorriu, pois Teoria era o que ele me ensinava naquela sala com 40 alunos, 39 com sede de crescer na vida. Quando a apresentação terminou, me chamou e disse que precisava conversar, eu fui com medo, tinha medo de ouvir alguma critica, tinha medo de ter certeza do quanto eu não era capaz, mas aconteceu o contrário, com aquele jeito de falar que lembra meu pai, ele disse "Hoje você me mostrou que você é capaz de ser uma boa professora, espero que não desista disso, por mais que não seja de Teoria.", nesse dia eu jurei que daria aulas, não importa do que, eu só quero fazer isso um dia. Mas, voltemos ao assunto, Motivação.
Coisa que todos sabemos é que isso parte de você mesmo, de nós mesmos, é um impulso interno que levará o indivíduo a realizar uma ação, não é possível uma pessoa motivar a outra, pode ela ser ou promover algum fator que desperte a motivação da outra. (Confesso que o uso errado desse termo em diversos sites e blogs me incomoda bastante.). Nesse estudo, são discutidas diversas abordagens, creio que já tenha ouvido falar de Maslow e da sua "pirâmide", conhecida como "Hierarquia das Necessidades", onde explica 5 níveis de necessidades humanas, mostrando o que desperta a Motivação. Essa abordagem, além de muito conhecida, é considerada muito bem estruturada, servindo como orientação para o comportamento administrativo. Autoestima, algo que me falta agora e acredita-se que se esse nível não for alcançado, nunca será possível chegar ao topo, que é a Auto-Realização. Eu gosto da abordagem de Herzberg, mas não se encaixa muito dentro do estudo de Motivação e, sim, de satisfação, e muitos autores dizem não ser possível provar a relação entre Motivação e satisfação. Mas, em resumo, os Fatores Higiênicos seriam extrínsecos, ou seja, o indivíduo não pode controlá-los, e os Fatores Motivacionais seriam intrínsecos, partem do interior do indivíduo, bem simples, bem óbvio.
Não sei porque falei tanto sobre isso, talvez seja uma forma de dizer que eu tirei algo de lá e que estou levando algo comigo, mas diante do que escrevi, posso afirmar que esse ano, 2013, 2º ano, as necessidade que me acompanharam daquela tão falada Hierarquia, foram as Sociais. Amigos, contato com pessoas, participação. Não existia mais um objetivo, não existia mais uma meta.
Me pego sofrendo por antecipação, meu psicológico fodido refletindo no físico, estou cansada da minha autodestruição, cansada da minha autossabotagem. Te vejo e minha vida passa em instantes de Azul da Prússia para Azul Celeste, de depressiva para semi-depressiva. Mas se não está por perto, multiplicam-se os demônios e teu nome passa a ser pronunciado com medo, dor, insegurança e desespero. E você, normalmente aquele que desperta minha motivação, que me faz querer ser melhor, dar o melhor, conseguir o melhor, me transforma, sem intenção, na criatura mais patética existente na terra, porque eu te acho demais pra mim e fico tentando te mostrar o quão merda eu sou, pra ver se você desiste, me abandona, para de me apoiar, para de dizer que eu consigo, para de dizer que sou boa em algo, pra ver se você some, pra eu poder dizer que eu estava certa, que é sempre assim, pra eu poder me martirizar, fico horas tentando sabotar meu próprio plano de ter você pro resto da vida, só pra, se eu te perder, existir um motivo verdadeiro pra passar dias e noites pensando no quanto eu sou fracassada. Mas eu não quero te perder.
Por que eu não consigo pedir desculpa para as pessoas e para você eu peço desculpa até por existir na tua vida? Desculpa por agradecer por tudo. Desculpa por te citar aqui, essa briga é minha, eu sei, não quero te envolver nisso, sou apenas eu e as piras erradas.
2013, provável que este seja o último desse ano, depois daqui só quando sair a lista de aprovados e consolidar minha situação de fracasso total ou me surpreender com uma transição extremamente foda na condição de existência atual. Para ajudar, dia 11 ainda é meu aniversário e isso me traz uma alegria triste, pois ao mesmo tempo que me sinto feliz por ter sobrevivido mais um ano e poder fazer coisas, me lembro que o ano acabou e tudo que foi planejado, eu deixei de lado pra ficar no computador escrevendo essas merdas. Dezembro, o mês mais bonito, mais triste, meu preferido. O ano voou, cada mês passou como semana e dia após dia eu me tornei um ser humano pior, eu relaxei mais, eu deixei de me importar, dia após dia eu deixei de saber o que era prioridade e me perdi, como quando você se perde na universidade ao procurar sua sala no dia do vestibular, perdi a paz interna, perdi tudo que me ajudava a ser alguém, a ser o que eu era. Mas você me fez recuperar parte disso, como é possível você me devolver o que já não era mais meu, ao mesmo tempo que me rouba de mim? Mas, mais uma vez, obrigada. Minha morte em vida tinha se mostrado através do conformismo, mas chegou você, transbordando vida, e com tuas palavras, teus gestos e tua personalidade, trouxe a luz que iluminou cada canto desse mundo escuro. Meus dias insossos, agora têm sabor de amor.

"Um gosto amargo na boca e a certeza de que o último dia de dezembro é sempre igual ao primeiro de janeiro" (Engenheiros do Hawaii)

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