quarta-feira, 2 de abril de 2014

Intoxicated with the madness, I'm in love with my sadness

(imagem retirada do  we♥it)
Talvez eu tenha percebido tarde demais, talvez só tenha percebido porque isso tudo te afetou e quando é comigo eu não me importo, mas se chega até você e te prejudica, eu tiro força não sei de onde pra conseguir reagir de maneira sensata. Dormi tão mal essa noite, quase não dormi, mas acho que você também não teve uma boa noite de sono e a culpa é minha que chamei, alimentei, fortaleci e abri espaço pra demônios internos. Antes eu só entendia, agora eu compreendo, consigo compreender tudo que me disse sobre essa situação. Era bonito ser triste, era produtivo, afinal, quantas vezes já vomitei "alegria não faz arte", minha admiração pela melancolia era imensa e por isso eu a carregava comigo sempre. Chegou você me amando na melancolia, chegou você e tudo ficou feliz, mas você me amava na melancolia, se eu fosse feliz você deixaria de me amar? Conscientemente eu não pensaria isso, mas quando me permitia ver a vida como algo maravilhoso, quando me permitia ainda amar o cinza, mas gostar também do azul do céu, algo me dizia que minha essência era triste, que a tristeza era o estado natural do ser humano. Me embebedei de tristeza, perdi a razão nas doses diárias de melancolia, achei que isso era bom, perdi todos meus medos, você acha que sinto medo de andar pela casa de madrugada ainda? Eu não tenho mais medo dos espelhos a noite, eu estava em frente ao espelho essa madrugada, observando o que eu me tornei. Aprendi a conviver com as coisas estranhas que eu acredito acontecerem no meu quarto, aprendi a ignorar os barulhos bizarros noturnos. Superei meus medos bobos por causa da tristeza, não tinha mais motivos pra ter medo, o medo era tão insignificante e pequeno perto de toda a dor que eu criei, porque eu criei isso, por isso eu vou concordar com você, a gente é o que a gente quer ser, a gente muda se quer mudar, eu criei um universo de dor e vivi nele. O criador se submete à criatura, você compreende isso, não é? (...) Mas as coisas fugiram do controle, as madrugadas viraram uma tortura, crises de choro, crises de raiva, sensação de morte em vida, desespero, ansiedade, impulsividade, agressividade, me ceguei, não queria ver, te culpava, te culpei até o último segundo. Perdi o que eu era em você, eu era tudo, eu era "a mais bela das criaturas", eu queria sempre ser o "maior dos homens". Eu não quero procurar ajuda médica, não quero um psicólogo, não quero fazer terapia, eu sei que eu consigo sozinha, eu sei que eu consigo com você, eu sei que consigo destruir todo esse escudo que criei pra me proteger da vida, pra me proteger da alegria. Há muito já perdi o gosto pela tristeza, há muito já deixei de achar bonito o conflito interno embasado na dor, me sinto doente, me sinto doente de mim, doente de humanidade, doente de existência. Minha arte deixou de ser bonita, não é mais minha caixa de desenhos, é minha caixa de lamentações e eu cansei de lamentar, cansei de reclamar, estou saturada de tudo isso. Perdi as contas de quantas músicas usei pra adorar a tristeza, quantos poemas, quantos textos, perdi as contas de quantas palavras perdi adorando-a. Fiz cultos a melancolia, construí um altar, um altar divino, me dei em sacrifício. Acho que levei muito a sério o "Self-purification and anti-humanity". Agora talvez seja tarde pra te mostrar minha vontade de ser pra você, talvez você nem acredite mais, mas eu estou em você, estou com você. Eu escolhi, eu fiz a melhor escolha, de repente eu acordei querendo ser melhor, querendo abandonar tudo isso que só me faz mal, pior, que faz mal pra você, eu acordei, mesmo sem ter dormido direito, querendo deixar a alegria que você me proporciona fazer morada no meu ser, não quero que ela dure apenas o tempo que você está fisicamente perto, porque você sempre está comigo, eu acordei sem vergonha de me sentir feliz. Farewell disse em seu facebook uma vez "O amor vai marcar mais do que qualquer morte que eu tenha tido em vida. Sempre.", já te contei isso, já te escrevi isso e vou repetir sempre que amor é vontade de viver, minha vontade de viver foi mascarada pela tristeza, mas eu ainda sou aquilo que eu era quando eu te disse que você me dava vontade de ser melhor, quando eu disse que você era o que me dava vontade de ser alguém. Eu sou pra você, só sou com você. Enfim, não sei mais o que dizer sobre isso, em resumo, só cansei de autossabotagem, cansei de autodestruição, cansei de autopiedade, eu sou muito maior que isso tudo, você é muito maior que isso tudo e juntos somos maiores que tudo de ruim. Obrigada por ter me ajudado até o último segundo que conseguiu permanecer, junto com meu agradecimento só quero deixar também um pedido de desculpa.

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