terça-feira, 19 de março de 2013

Red

Estava lendo "Um Toque de Clássicos", livro recomendado pela minha professora de Sociologia para auxiliar no desenvolvimento das aulas, quando, logo na introdução, me deparei com um trecho que me deixou pensativa: "Entre os objetos exteriores, descobrimos seres semelhantes a nós, o que nos faz pensar que possuem as mesmas necessidades e 'o mesmo interesse em satisfazê-las' e que, portanto, deve ser vantajoso nos unirmos a eles.".

Acho que essa é a melhor maneira de esconder o fracasso de não encontrar alguém, de não encontrar aquela pessoa que vai te salvar, de não salvar alguém. E você vai achar que nasceu com um buraco no peito e que aquilo vai doer a vida inteira, vai achar que a cura é alguém que se encaixe nele. Pra esconder o fracasso de não encontrar alguém é mais fácil dizer que prefere a sua liberdade, que não abriria mão das noites de sábado e que é melhor tomar um porre. Seria tão fácil dizer que o fracasso é tanto que você não conseguiu encontrar alguém pra te trazer de volta a vida, não encontrou um coração partido que encaixasse no seu buraco no peito.
Você sai na rua caminhando lentamente pela calçada, cada rosto, cada vida, cada buraco no peito. Queria contar, queria fazer uma pesquisa e levantar uma base estatística de qual a porcentagem de corações partidos que vagam nas ruas principais carregados por pessoas que pensam ter um buraco no peito.
Mas então um dia chega alguém com incríveis olhos castanhos e um sorriso capaz de acabar com todo o peso que você carrega nas costas. Essa pessoa não tem todos os gostos parecidos com os seus, ela talvez não tenha as mesmas necessidades, talvez não tenha o mesmo interesse em satisfaze-las, talvez ela não tenha muito pra falar, mas o silêncio entre vocês não será um problema, vocês vão compartilha-lo, ao se olharem já saberão o quanto aquilo significa. Um dia você vai achar que conhece há anos alguém que conheceu há três dias, vão conseguir se conectar e você vai tentar encaixar... vai querer preencher seu buraco no peito,  mas aí você vai entender que não se preenche com alguém e, sim, com amor.
Essa pessoa vai te salvar de você mesmo.

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