segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dentro

Ela estava parada em relação ao mundo que girava em volta, mas andava em círculos sozinha dia após dia. Repetia e contava coisas novas, da mesma maneira repetia novamente tudo que contava. Milhares de sílabas de palavras mal ditas, malditas palavras esquecidas, repetidas.
Voltas ela dava parada no mesmo ponto, como um compasso numa circunferência infinita. As músicas tocavam uma, duas, três vezes... Seus olhos fechados e os lábios sussurrando uma letra triste, com fones no ouvido e uma melodia leve completamente melancólica.
Seus cabelos não se movimentavam quando tocados pelo vento, unhas roídas e alguns dedos arranhados pelas cordas do violão. Era doce, tão doce que ficava amarga.
Via beleza de longe, nos gestos mais simples. Via sentimento em cada linha, cada verso e em cada estrofe de um poema o qual nem conseguia entender, apenas gostava, admirava, sentia. E como sentia! Sentia cada migalha do que lhe restava, mesmo que para os outros não parecesse o bastante, ela sabia que sentia tudo. Ao ver, ouvir, pensar... Ela sentia pelo simples fato de saber que existia.
Sobre tudo, sobre nada. Era apenas ela e mais ninguém. Ou todos juntos.

Um comentário: